terça-feira, 12 de outubro de 2021

Que humildade!

O que você fazia aos 19 anos de idade? Essa é a idade do novo astro da música brasileira. Com mais de 102 milhões de seguidores entre Instagram, Spotify, TikTok e Youtube. Sua música “Meu pedaço de pecado” é a mais toca no Brasil nesse momento. E, claro, agenda lotada de shows até agosto do próximo ano.

Num momento em que os grandes eventos estão paralisados, em razão da pandemia, eis que surge alguém trazido legitimamente pelo gosto popular. Obviamente que impulsionado pelas grandes redes, mas você há de convir comigo, que se não for verdadeiro, não sobrevive.


 

Com versos como:

Você é a mais bonita

Um pedaço da vida, de felicidade

Vem matar logo o desejo

Faz esse vaqueiro feliz de verdade.

Poderia ser mais uma das músicas apelativas, que invadem a internet. Mas tem se provado, até o momento, ser fruto do trabalho de um cara religioso, com cara de bom moço, enfim um filho que todo pai gostaria de ter.


E interessante, que o que faz sucesso nesses tipos de plataformas, são músicas com “segundas intenções”, com aquelas dancinhas com apelo sexual. E o que mais tem se destacado, nem dançar não dança. Em uma de suas entrevistas, o entrevistador comentou com ele que no TikTok existem diversas dancinhas e perguntou se ele também fazia alguma e ele respondeu seriamente: não, eu canto!



Nascido em Serrita no interior de Pernambuco, o cantor encanta com seu jeito simples e voz grave. João Gomes foge a tudo o que nos acostumamos a receber pela grande mídia. Não é um produto “enlatado”, cheio de falsidades, com respostas ensaiadas, prontas. Tem como sua principal marca a simplicidade. Basta ver algumas de suas entrevistas e concluir que se trata de alguém com conteúdo!


Obviamente os críticos tentarão “enquadrá-lo” como alguma das grandes ondas musicais: brega, aché, piseiro ou qualquer outra coisa. Nos resta torcer para que ele não entre nessa onde de excesso de álcool nas apresentações, nem seja picado pela mosca do sucesso. Tem tudo para ser um sucesso duradouro. 

sábado, 9 de outubro de 2021

Que perda!

“É possível mudar nossas vidas e a atitude daqueles que nos cercam simplesmente mudando a nós mesmos.”

Rudolf Dreikurs




QUE PERDA!

Quando recebemos uma notícia como o falecimento do seminarista José Moreira da Silva, colhido prematuramente, aos 31 anos de vida, damos conta da finitude da vida. Finitude essa que é a única grande certeza de nossas vidas, e também um dos pontos que todos nós concordamos, porém sempre nos pega de surpresa.



Já dizia Horácio, poeta lírico, satírico e filósofo latino (65 a. C. – 8 a. C.) em seu poema ode 1.11: 

Não interrogues, não é lícito saber a mim ou a ti

Que fim os deuses darão, Leucônoe. Nem tentes

os cálculos babilônicos. Antes aceitar o que for,

quer muitos invernos nos conceda Júpiter, quer este último

apenas, que ora despedaça o mar Tirreno contra as pedras

vulcânicas. Sábia, decanta os vinhos, e para um breve espaço de tempo

poda a esperança longa. Enquanto conversamos terá fugido despeitada 

a hora: colhe o dia, minimamente crédula no porvir.

Dirigindo-se a uma personagem feminina, Leucônoe, o poeta lhe diz que não procure adivinhar o futuro: no original em latim “carpe diem quam minimum crédula postero.” Esse o início da expressão “carpe diem” tão usada na atualidade. Talvez a pandemia, a situação em que estamos vivendo nos faz procurar viver o hoje como se fosse o último dia de nossas vidas.



Porém, como nos ensina o apóstolo Paulo: Tudo me é permitido. Mas nem tudo me convêm. Viver o hoje, não significa agir sem pensar nas consequências futuras de nossos atos. Viver o hoje sim, aproveitando as oportunidades, fazendo o bem a todos e colocando o nosso melhor em tudo que fizermos. Seja lá qual for nossa atividade, que possamos fazê-la sempre da melhor maneira.

A covid nos apresentou doenças psicológicas terríveis. A preocupação com o futuro, a ansiedade, tem afetado muitas pessoas. O conselho de Horácio: Nem tentes os cálculos babilônicos, vem bem a calhar. Não adianta perder a noite de sono e perceber, ao amanhecer, que os problemas continuam lá!



Esses acontecimentos de perdas inexplicáveis precisam despertar em nós o que temos de melhor a oferecer. Se sairmos um pouquinho melhor, enquanto comunidade, após essa perda traumática, terá valido toda a dedicação, a oração, as pregações e a amizade que José dispensou a cada um de nós! Que outros José apareçam: entrando nas ordens religiosas. Sendo excelentes “pais de família”, profissionais, enfim vivendo bem sua vocação.


sábado, 2 de outubro de 2021

Lembranças


 

Sonho impossível

 

Revista Prosa Verso e Arte

Entrevistas e vídeos

‘Sonho impossível’ na belíssima voz de Maria Bethânia

Por Revista Prosa Verso e Arte -



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Maria Bethânia - foto: Leo Martins

“Tenho uma espécie de dever de sonhar sempre, pois, não sendo mais, nem querendo ser mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso. Assim me construo a ouro e sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogos de luzes brandas e músicas — visíveis.”

– Bernardo Soares (Fernando Pessoa), do “Livro do Desassossego”. Lisboa: Tinta da China, 2014.


Maria Bethânia recita o trecho acima na introdução à música “Sonho impossível” (versão) de Chico Buarque e Ruy Guerra, para música ‘The impossible dream” de Joe Darion e Mitch Leigh





“Sonho impossível”





Sonhar

Mais um sonho impossível

Lutar

Quando é fácil ceder

Vencer o inimigo invencível

Negar quando a regra é vender

Sofrer a torutura implacável

Romper a incabível prisão

Voar num limite improvável

Tocar o inacessível chão

É minha lei, é minha questão

Virar esse mundo

Cravar esse chão

Não me importa saber

Se é terrível demais

Quantas guerras terei que vencer

Por um pouco de paz

E amanhã, se esse chão que eu beijei

For meul eito e perdão

Vou saber que valeu delirar

E morrer de paixão

E assim, seja lá como for

Vai ter fim a infinita aflição

E o mundo

 vai ver uma flor

Brotar do impossível chão

depois de muito tempo.....